Quando falamos em reprodução de vacas leiteiras, temos que ter em mente todos os fatores que irão influenciar na fertilidade do animal, entre eles podemos citar: nutrição, estresse térmico, e doenças infecciosas. Com a nutrição em dia e estando no inverno, o que pode estar causando a repetição de cio na minha propriedade?
As principais doenças infecciosas que prejudicam a fertilidade das vacas são: IBR - Rinotraqueíte Infecciosa Bovina, BVD - Diarreira Viral Bovina, Leptospirose e Neospora. E para conseguir prevenir os danos reprodutivos e econômicos causados por essas doenças é necessário conhece-las e usar a prevenção como maior aliado.
Começando pela Rinotraqueíte Infecciosa Bovina, a IBR, trata-se de uma doença viral, ou seja, causada por um vírus, o herpesvírus bovino tipo-1, que tem uma característica única de infecção permanente, isto é, uma vez que o animal se contamina, sempre terá a carga genética viral no seu próprio DNA. A transmissão ocorre por via nasal e pela cópula, podendo também ser transmitida por inseminação artificial, já que o congelamento do sêmen não inativa o vírus, além disso, o feto também poderá ser infectado ainda dentro do útero. Os sinais clínicos vão desde doença respiratória, absorção embrionária, aborto em segundo e terceiro trimestre de gestação e infertilidade temporária. O lado bom é que as vacinas previnem o desenvolvimento de sintomas clínicos e reduzem a eliminação de partículas virais desta doença.
A Diarreia Viral Bovina, ou BVD, a segunda doença citada, também é uma doença viral causada por um vírus da família Flaviviridae, do gênero Pestivirus. O vírus é eliminado pelo animal infectado através de secreção nasal, leite, urina e saliva, e irá entrar no organismo de outro animal também por via nasal e oral. Ele poderá causar diversos sinais clínicos nos animais, porque afeta os sistemas respiratório, digestório, circulatório, imunológico, linfático e outros. Contudo, os principais danos atingem o sistema reprodutivo, podendo causar defeitos dos espermatozoides e baixa qualidade do sêmen nos machos, e abortos, má formações congênitas e perda embrionária precoce nas fêmeas. Ela também poderá infectar o ovário, ocasionando ausência de ovulação, principalmente em novilhas. Quanto as fêmeas gestantes, seus prejuízos irão depender da fase gestacional que o animal se contaminou, sendo elas:
- Durante os 2 primeiros meses de gestação: aumento da taxa de retorno ao cio;
- Durante o 2⁰ e o 4⁰ mês de gestação: o sistema imunológico do bezerro está em formação, então o corpo reconhece o vírus como sendo algo dele, como se fosse uma célula própria, o que irá resultar em uma infecção permanente. Isso é, o animal elimina diariamente uma alta taxa viral no ambiente, sendo a principal fonte de contaminação no rebanho. Não é possível identificar este animal apenas de forma visual, mas normalmente são animais que nascem prematuros, são mais fracos ou apresentam alguma malformação congênita, e por isso, 50% deles acaba morrendo dentro do primeiro ano de vida. Os que sobrevivem, podem apresentar atraso no crescimento e baixa resistência a doenças.
- Após o 5⁰ mês de gestação até o nascimento: o feto poderá ser abortado ou nascer com malformações.
A vacina, assim como para IBR, previne os sinais clínicos, mas não acaba com a doença. Para controle eficiente, os animais persistentemente infectados (aqueles contaminados durante 2⁰ e 4⁰ mês de gestação) deverão ser identificados e descartados.

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