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Quem é o vilão da história dos problemas reprodutivos em sua propriedade? Leptospirose e Neospora

A leptospirose por sua vez, é uma doença bacteriana, causada pela bactéria Leptospira, que possui diversas variantes sorológicas, sendo a hardjo a mais importante para os bovinos. A transmissão acontece através do contato com a urina do rato, principalmente na ração e também pode ocorrer por meio de utensílios reprodutivos, como por exemplo os implantes usados para IATF que ficam em local aberto onde os ratos acabam tendo contato. Entretanto, se pensarmos na quantidade de urina que o rato excreta no ambiente, uma vaca contaminada irá apresentar um risco muito maior pela quantidade que ela urina diariamente e que acaba contaminando bebedouros, pastagens e fontes de água, principalmente lagos ou açudes, ambientes onde os animais costumam entrar. É muito importante ressaltar que ela é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida aos humanos, também através do contato da urina do animal infectado com a pele.

Quanto aos sinais clínicos, ela irá comprometer o desempenho reprodutivo dos rebanhos acometidos, causando repetição de cio, retenção de placenta, abortos no terço final de gestação, natimortalidade e nascimento de bezerros fracos. O sistema urinário também poderá ser afetado pela leptospira, e irá causar febre e hemoglobinúria, que é urinar com sangue, além da bactéria ficar alojada nos rins. Isso não quer dizer que o animal irá sempre urinar com sangue, muitas vezes ele pode não ter sinais clínicos, mas mesmo assim irá eliminar por muito tempo a bactéria no ambiente, contaminando o restante do rebanho. Vale ressaltar que outras doenças como por exemplo a tristeza parasitária, também conhecida como amarelão, poderá causar a hemoglobinúria. Para correto diagnóstico consulte seu médico veterinário responsável.

A vacinação irá auxiliar muito no controle da doença, redução dos sinais clínicos e consequente diminuição dos prejuízos econômicos, mas deverá ser associada com o controle de ratos, e isso vai desde o armazenamento da ração, que deve estar em local isolado, vedado em silos ou caixas com tampa, passando pela correta estocagem de remédios e implantes em locais apropriados e com porta, higienização frequente de cochos, troncos e depósitos, e finalmente, isolamento com cerca de áreas de açudes e lagos de forma a evitar a entrada dos animais. Além disso, também deverá ser feita a identificação dos animais positivos e tratamento dos mesmos conforme recomendação veterinária.

A última, e não menos importante doença que vamos falar, a Neospora, não possui tratamento ou vacina comprovadamente eficaz. Diferentemente das outras doenças, o neospora não é um vírus ou bactéria, mas sim um parasito coccídeo que tem seu ciclo associado ao cachorro. Para que o neospora contamine uma vaca, ele precisa primeiramente contaminar um cachorro, isso porque o parasito adulto se desenvolve no intestino do cachorro e coloca ovos que vão parar no ambiente através das fezes desses animais.

A vaca por sua vez, irá adquirir a doença ao comer pasto ou beber água contaminados com fezes de algum cachorro que possuía o parasita no intestino. Esses ovos vão virar cistos, como se fossem bolinhas com o parasito dentro, que vão ficar na carcaça da vaca, assim como na placenta e feto que possa estar se desenvolvendo e acaba se contaminando.

Mas como o cachorro se contaminou? Através da ingestão de placenta, restos fetais ou carcaça de uma vaca infectada, os cistos se rompem e o parasita se desenvolve ficando no intestino do cachorro e o ciclo continua.

O sinal clínico clássico da doença é o aborto no sexto mês de gestação, porém, ele pode ocorrer em qualquer momento a partir do segundo mês de gestação. Ele também pode causar infecção fatal no cérebro e medula (encefalite e mielite) em cães, bezerros, ovelhas e cavalos recém-nascidos. Também é possível que as bezerras infectadas durante a gestação nasçam normais e transmitam a doença para seus futuros fetos. O diagnóstico pode ser feito através de exame de sangue, porém ele só indica que o animal teve contato, não necessariamente que ele é positivo. A confirmação se dá através de exame da placenta ou do feto abortado, onde é possível encontrar o parasita. Por enquanto não existe tratamento ou cura pra neosporose, existe apenas uma vacina em fase de testes nos Estados Unidos, mas que ainda não se encontra disponível no mercado brasileiro. Então o que nos resta é evitar que a doença seja transmitida. E como podemos evitar?

- Retirar imediatamente placenta e fetos abortados e fazer a destinação correta para evitar que os cachorros comam;

- Evitar o fornecimento de carne crua para os cachorros, que podem se contaminar ao consumir cistos presentes no alimento.

- Proteger os bebedouros dos cachorros, para evitar contaminação da água.

Uma vez abordado sobre doenças reprodutivas, vamos ao caso de sucesso, de uma propriedade que tinha muitos problemas reprodutivos e hoje está ajustada. Valdete, Victor e João Pereira Cardoso tem sua propriedade sediada em Terra Roxa - Paraná e estão na assistência desde agosto de 2020. No início da assistência, o período de serviço, que é quanto tempo (em dias) desde que pariu, a vaca demorou pra ser inseminada e confirmada prenha, era de 217 dias. Algumas anotações de cio e inseminação acabavam não sendo feitas, não era realizado protocolo de vacinas reprodutivas e nem ultrassonografia nos animais. Outro ponto importante a ser melhorado era o DEL, que significa dias em lactação do rebanho, e na época girava em torno de 215 dias de média. Atualmente o DEL baixou para 157 dias, sendo o ideal 150 a 180 dias em leite. Quanto ao período de serviço, agora temos uma média de 105 dias. Para vacas de média produção de leite da raça holandesa e jersey, que são a maioria do rebanho, este valor está ótimo, já que podemos dizer que a meta seria 110 dias para esse tipo de rebanho. Quanto as anotações, a função passou a ser do filho mais novo, João Pedro, que com capricho e dedicação não deixa mais informações para trás.

Parabéns pelas melhorias, e que possamos atingir mais metas juntos!





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